Gota D'água

Cetrel quer impor teletrabalho com jornada sem limite e ameaça trabalhadores (as)

29/05/2023

Cetrel quer impor teletrabalho com jornada sem limite e ameaça trabalhadores (as)

O sindicato vinha negociando  em mesa com a Cetrel, desde dezembro do ano passado, a possibilidade de assinatura de um acordo disciplinando a jornada em regime de teletrabalho. As negociações estavam fluindo bem, mas travaram quando a empresa insistiu em impor uma redação em que não havia previsão de limite de jornada para quem se submetesse, de forma voluntária, ao regime de teletrabalho. 

Apesar de outros temas terem evoluído durante as negociações, inclusive com algumas conquistas para a categoria, a exemplo da criação de um auxílio conectividade (para garantia de uso da internet) e de um valor específico para custeio da alimentação àqueles (as) em regime de trabalho remoto, bem como a ampliação do escopo dos equipamentos fornecidos pela empresa para o exercício das atividades em home office, a questão do limite da jornada continuou sendo o principal entrave, como informado pelos representantes do sindicato na assembleia de aprovação da pauta de reivindicações.

Uma boa parte dos (as) empregados (as) da CETREL já está em trabalho remoto por uma reivindicação do sindicato em função da pandemia do Covid-19, quando o Sindae assinou um acordo provisório com a empresa para regularizar aquela situação emergencial. Superada a pandemia e demonstrados os ganhos, tanto de produtividade para a empresa quanto em qualidade de vida para os (as) empregados (as), o sindicato passou a reivindicar que o regime de teletrabalho fosse regulado de forma definitiva no Acordo Coletivo, prevendo algumas garantias na pauta de reivindicações que não puderam ser implementadas durante a emergência sanitária. Esse tema, inclusive, fez parte dos debates da campanha salarial do ano passado e também consta na pauta de reivindicações deste ano.

A situação se tornou dramática na semana passada, quando a Cetrel, encontrando resistência na diretoria do sindicato em aceitar um acordo de trabalho remoto sem limite de jornada de trabalho (a empresa não aceita sequer o limite previsto no próprio acordo coletivo), resolveu cumprir a ameaça que já vinha fazendo na mesa de negociação: convocou reunião com os (as) trabalhadores (as), informou que havia encerrado unilateralmente as negociações com o sindicato sobre o trabalho remoto e que iria convocar todos (as) de volta para o trabalho 100% presencial caso o sindicato não se submetesse ao acordo que eles querem impor, ou seja, sem limite de jornada.

Essa atitude antissindical da Cetrel demonstra o tipo de manipulação nefasta que deve ser repudiada pela categoria, pois visa jogar os (as) trabalhadores (as) contra o sindicato a partir do uso de uma prerrogativa própria da administração da empresa. É inaceitável tal postura, que causou desespero em muitos (as) empregados (as), que já estruturaram suas vidas no regime híbrido (presencial e remoto). Causou comoção entre os (as) empregados (as) a situação de uma companheira que tem filho autista e que vê na flexibilidade do regime híbrido a possibilidade de acompanhar mais de perto o tratamento e o desenvolvimento de seu filho.  Infelizmente a Cetrel demonstra não ter nenhuma sensibilidade quando quer impor a sua vontade de poder, tal qual um capataz com o chicote nas mãos a açoitar escravos para demonstrar que a vontade do senhor é soberana.

A direção da Cetrel só não contava com o fato do Sindae ser um sindicato de luta e que não abre mão de direitos dos (as) trabalhadores (as), mesmo com essa ameaça terrível por parte da empresa. Jamais o sindicato iria aceitar uma jornada de trabalho sem limites, em especial em trabalho remoto, pois esse tipo de situação já tem até nome na literatura internacional da sociologia do trabalho: escravidão digital.

Diante do impasse provocado pela intransigência da empresa, o sindicato protocolou pedido de mediação no Ministério Público do Trabalho e vai questionar diretamente os acionistas da Cetrel sobre essa postura absurda e inaceitável. Outras medidas podem ser adotadas, como denúncias à OIT e outros órgãos nacionais e internacionais de fiscalização do trabalho se o assédio coletivo e as ameaças continuarem. A hora agora é de união da categoria, que não pode baixar a cabeça e nem se submeter a essa política do terror que está sendo praticada pela Cetrel. Vamos à luta!