Com o tema “Água, Saneamento e Meio Ambiente: direitos essenciais de toda a nossa gente”, em alusão ao slogan do 23° Grito da água, foi realizada na tarde da última quinta-feira (23/03) uma Sessão Especial na Câmara Municipal de Vereadores de Salvador - CMS, em comemoração ao Dia Mundial da Água. Essa é uma Sessão que já virou tradição no calendário da CMS e foi presidida pela vereadora Marta Rodrigues (PT).

Distribuídos (as) nos diversos assentos do Plenário da Câmara, estiveram presentes à sessão os (as) trabalhadores (as) dos Serviços Autônomos de Água e Esgoto – SAAEs, da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia – CERB, da Embasa, EMASA (Itabuna), dirigentes e representantes sindicais, movimentos sociais e populares. Ao abrir a sessão, a vereadora Marta Rodrigues fez um importante discurso, onde chamou a atenção para o impacto da falta de saneamento na superexploração das mulheres e para a problemática do tamponamento de rios de Salvador. Marta também destacou a necessidade de se garantir o acesso à água e ao esgotamento sanitário com qualidade e regularidade aos (às) moradores (as) das periferias de Salvador e do interior do estado, além das populações de municípios do semiárido e localidades afastadas com maiores dificuldades de acesso à agua. 

Entre os (as) convidados que compuseram a mesa, além do Coordenador Geral do Sindae, estavam o vereador Tiago Ferreira (PT), a deputada estadual Maria Del Carmen (PT), a presidenta da Central Única dos Trabalhadores (as) - CUT, Maria Madalena Firmo (Leninha), o representante da Seção Bahia do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, Gustavo Palmeira, o presidente da Embasa, Leonardo Góes, a representante do Movimento dos (das) Atingidos (as) por Barragens – MAB, Iandria Freitas Ferreira, a Superintendente Substituta do IBAMA – BA, Lívia Karina Passos Martins e, representando o Quilombo Rios dos Macacos, Rosemeire dos Santos Silva.  

A Superintendente do IBAMA – BA, Lívia Martins, fez um alerta para a urgente e necessária recuperação das áreas degradadas que impactam os recursos hídricos, lembrando que a Bahia é hoje o estado que mais desmata fora da Amazônia. De acordo com Lívia, é preciso mudar a lógica para que a Bahia se torne referência como um estado que protege e não o que desmata. Já a representante do Movimento dos (das) Atingidos (as) por Barragens – MAB, Iandria Ferreira, enfatizou em sua fala que as enchentes impactam ainda mais as pessoas que não têm acesso ao saneamento. 

Representando o Quilombo Rios dos Macacos, Rosemeire dos Santos Silva aproveitou a oportunidade para cobrar a adoção de políticas públicas voltadas às comunidades quilombolas e para denunciar a ausência de acesso à agua e saneamento em sua comunidade. A deputada estadual Maria Del Carmen (PT) e o vereador Tiago Ferreira (PT) parabenizaram o Sindae pelo trabalho desempenhado na defesa da classe trabalhadora e do saneamento. A presidenta da CUT, Maria Madalena Firmo, (Leninha) lembrou-se da experiência na sua infância de ter precisado levar água na cabeça por falta de acesso à agua encanada e da importância da Embasa ter um foco voltado para o social, por isso não pode ser privatizada. 

Também para enriquecer a sessão, a jovem poetisa Winnie Lorena, moradora do município de Lauro de Freitas, recitando a sua poesia de resistência, abordou a falta de investimentos públicos nas periferias e a opressão do estado a essas populações, a ausência de cuidado com os recursos hídricos, além da importância do saneamento básico.  

O presidente da Embasa, Leonardo Góes, disse que é preciso avançar rumo à universalização do abastecimento de água e esgotamento sanitário no estado e que, para isso, é necessário buscar investimentos. Contudo, ressaltou que eles não podem ser hostis à sustentabilidade da Embasa como uma empresa pública, afirmando o seu compromisso contra a privatização da companhia.  

Grigorio Rocha, coordenador geral do Sindae, agradeceu à vereadora Marta Rodrigues pela realização da sessão especial na casa do povo, pela passagem do Dia Mundial da Água, estendendo o agradecendo também aos presentes. Rocha lembrou das dificuldades no período da pandemia, quando foi necessário realizar o Grito da Água de maneira virtual, reafirmando a importância de todos os anos marcar presença na realização desse ato, que é um legado e um recado para esta e futuras gerações em relação à defesa do saneamento público e do meio ambiente. Grigorio destacou ainda a urgência dos parlamentares debaterem anualmente sobre todos os componentes do saneamento ambiental, não só sobre abastecimento de água e esgotamento sanitário, mas também sobre a drenagem pluvial, a coleta e destinação adequada de resíduos sólidos, bem como sobre o monitoramento da qualidade do ar na cidade. Lembrou que os alagamentos ocasionadas pela falta de planejamento e manutenção adequada das redes de macro e microdrenagem, muitas vezes piorada pela coleta deficiente do lixo e falta de uma política de educação ambiental, sempre prejudicam os mais pobres, especialmente numa cidade como Salvador, que é marcada pela desigualdade. 

Grigorio lembrou ainda que a capital baiana não dispõe de manancial hídrico capaz de abastecer a sua população, que praticamente toda a água tratada consumida em Salvador vem de sistemas integrados com outros municípios da região metropolitana, de mananciais integrados por rios que cortam várias regiões do Estado. Diante dessa característica, Rocha afirma que não é possível uma discussão do saneamento da capital sem levar em conta sua interdependência com vários outros municípios da RMS e de outras regiões da Bahia.