Gota D'água

Marcado pela diversidade, 23° Grito da Água reforça a luta em defesa da água, do saneamento e do meio ambiente

26/03/2023

Marcado pela diversidade, 23° Grito da Água reforça a luta em defesa da água, do saneamento e do meio ambiente

Um grande reencontro e um sentimento de esperança tomou conta dos (das) participantes do 23° Grito da Água, que é realizado pelo Sindae em parceria com a CUT, movimentos sociais, estudantes, trabalhadores (as) e populares, moradores dos mais variados bairros de Salvador e Região Metropolitana. Este evento, em alusão ao Dia Internacional da Água, é considerado o maior ato de rua em defesa da água da América Latina e um importante instrumento de alerta à sociedade sobre os riscos do processo de privatização da água, em especial à população baiana.

Em decorrência do coronavírus, foram três anos consecutivos sem ato de rua. Nesse período de pandemia o Grito da Água foi realizado de maneira virtual, contudo, sem o brilho, o encanto e a visibilidade que um ato de rua traz. A tradicional caminhada do Grito da Água, saindo do Campo Grande até a Praça Castro Alves, teve início em 2001 contra a tentativa de privatização da Embasa patrocinada pelo carlismo à época, o que movimentou diversos atores da sociedade civil, ambientalistas, estudantes, políticos (as) e religiosos (as). Graças a essa imensa mobilização social, a privatização da Embasa não foi à frente, mas o Grito da Água se tornou símbolo de resistência e, ao longo dos anos, vem incorporando e dando vazão à luta da sociedade por justiça social, contra o racismo ambiental e preconceito com as religiões de matriz africana e pela luta das mulheres, dentre outras.  

Neste ano, com o tema “Água, Saneamento e Meio Ambiente: direitos essenciais de toda a nossa gente”, o objetivo central do Grito da Água foi chamar a atenção sobre a exclusão do acesso à água das populações pobres, que cresce substancialmente quando a água é transformada em uma mercadoria. O Grito também chamou atenção sobre o desperdício e a preocupante degradação dos mananciais hídricos, que tem levado à destruição de nascentes e rios, agravo pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e a grilagem (inclusive oficial) de terras públicas, que muitas vezes ocorre para uso intensivo de água do subsolo ou de rios e lagos, gerando até conflitos com populações locais em torno da disponibilidade e segurança hídricas.

Marcado por grande diversidade, participaram do Grito os (as) trabalhadores (as) do saneamento ambiental, entidades e organizações da sociedade civil, ambientalistas, acadêmicos, estudantes, políticos e trabalhadores (as) de diversos outros segmentos, além de grupos de artistas, inclusive com apresentação de bandas. No encerramento do Grito teve ainda um concurso de Hip Hop, denominado a Batalha da Água, que contou com a participação de diversos grupos de Salvador, Região Metropolitana e interior do estado, a exemplo dos coletivos Dedos Sujos, Slam das Mulé, Coletivo Caju, Alcatéia e DJ Rylle. Batalha MCITY, entre outros. 

A tradicional caminhada foi um grande sucesso e a direção do Sindae agradece enormemente a participação e o empenho de todos (todas), em especial aos vários organizadores (as) dos movimentos sociais, sem a qual o Grito da Água não existiria. Até o próximo Grito!