Após quase dois anos de muitas noites de estudo e viagens mensais para Recife (PE), onde aconteciam as aulas presenciais, a companheira, diretora e “estudante” Nadilene Sales colocou as mãos no diploma de pós-graduação em “Sindicalismo e Trabalho”. Não é um documento qualquer: trata-se de diploma conferido pela Escola Dieese de Ciências do Trabalho, a universidade da classe trabalhadora.

A defesa do seu Trabalho de Conclusão de Curso, o famoso TCC que tanto calafrio provoca em estudantes, aconteceu de forma tranquila durante o 4º Congresso Nacional de Formação da CUT, em Belo Horizonte (MG), no final de maio. Nadilene arrancou aplausos ao discorrer sobre o que falta para estabelecer um elo entre as conquistas da classe trabalhadora e o reconhecimento da sociedade. 

Ela identificou alguns pontos dessa questão, como erro na comunicação do movimento sindical que dificulta esse reconhecimento pela sociedade e vai perpetuando a difícil disputa nos espaços de poder. Defende, ainda, mais qualificação e uma organização sistemática para que possa mostrar os efeitos das políticas públicas construídas com participação da classe trabalhadora, a exemplo das cotas na educação, a implantação de novas universidades e institutos federais. ‘É um protagonismo que precisa ser valorizado. Afinal, elegemos presidentes e nossa força deve ser valorizada com o devido peso social”.

Nadilene é a primeira mulher negra sindicalista baiana especializada em Sindicalismo e Trabalho, formada sob os rigores acadêmicos e numa universidade autônoma da classe trabalhadora, a Escola Dieese, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O Sindae, por consequência, é o primeiro sindicato baiano a ter uma especialista nessa área. Um protagonismo que só fortalece a classe trabalhadora.