Quando o relógio cravou 13 horas da última quinta (23) saiu a informação de que não haveria mais votação na Câmara dos Deputados na semana passada. A expectativa sobre a votação da Medida Provisória 868, que privatiza o saneamento, foi transferida para esta semana – a última antes que a medida perca sua validade, em 3 de junho. Para desmantelar o setor, a proposta fere a Constituição e diversas leis, além de desrespeitar direitos de municípios e estados.

O alívio da semana passada será transformado em “sufoco” esta semana. A “MP” não foi votada como resultado da pressão que o movimento sindical tem exercido, mas também do movimento de governadores contrários à medida: 24 assinaram documento se posicionando contra. A Frente Nacional de Prefeitos também se manifestou contrária. Por causa disso, não houve acordo de líderes partidários e isso inviabilizou a votação.

Essa mesma pressão será mantida esta semana e pode ser que dê certo novamente, mas o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, resolveu “tomar as dores” de Bolsonaro e já avisou que esta semana deve votar a MP 868. Do contrário, disse ele em tom de professor de Bolsonaro, vai pedir ao governo para enviar um projeto de lei com pedido de urgência para, nesse caso, o Congresso Nacional ter que decidir num prazo de 45 dias.

Ele mostra para o governo que existe um “plano B” e isso indica que a guerra contra a MP 868 vai muito além dessa semana. Rodrigo Maia (DEM-RJ) é apenas mais um parlamentar a externar o forte lobby que existe no Congresso Nacional para privatizar o saneamento. É de um partido com farta tradição em privatizar serviços públicos, sem maiores preocupações com o patrimônio público, com a saúde da população e com o acesso das parcelas mais pobres a serviços essenciais para a vida, como é a água.