Gota D'água

Com alto risco de rompimento, barragem de mineração é interditada na Bahia. Outras serão fiscalizadas

15/04/2019

O rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, no final de 2015, custou a vida de 19 pessoas e se constituiu no maior desastre ambiental do mundo em volume de rejeitos de minérios. Dois anos depois veio o de Brumadinho, também em Minas Gerais e que resultou numa calamidade humana, social e ambiental, com 225 mortos e mais de 80 desaparecidos (dados do final de semana). Só agora, após esses graves desastres, o governo se dispõe a fiscalizar as barragens pelo país. O perigo ronda todas elas.

Só assim a fiscalização chegou a Maiquinique, no Sudoeste baiano, e lá encontrou uma barragem de rejeitos de mineração de grafite com alto risco de rompimento. Prepostos da Agência Nacional de Mineração (ANM) classificaram a barragem Nº 1, da Grafite do Brasil, como “estrutura com risco iminente de rompimento”. Como lá trabalham 150 pessoas, o lançamento dos rejeitos da mineração foi suspenso, o que acabou parando a atividade empresarial.

A interdição da barragem foi determinação de uma força tarefa que inclui agentes da ANM, dos Ministérios Públicos Federal e Estadual e da Superintendência Regional do Trabalho. Vai durar até a correção de falhas na estrutura do barramento, além da criação de uma rota de fuga para funcionários que trabalham abaixo da barragem e que não são poucos, pois respondem pelos setores administrativo, de oficina, almoxarifado e refeitório da mineradora de grafite. Vale salientar que ela já responde uma ação do Ministério Público do Trabalho por não pagamento de horas extras, falta de recolhimento de FGTS e contribuições previdenciárias, entre outros.

A mesma força tarefa que esteve em Maiquinique pretende visitar outras barragens de rejeitos minerais existentes na Bahia e espalhadas por Jacobina, Itagibá, Simões Filho, Guanambi, Maracás, Brumado, Barrocas, Santa Luz, Jaguarari, Andorinhas, Campo Formoso e Irecê. Serão analisados aspectos como volume de rejeito, altura do barramento, presença de produtos químicos e o Dano Potencial Associado (DPA), que mede o grau de perigo para a população, meio ambiente e trabalhadores que poderiam ser atingidos em caso de rompimento.

Mais vítimas em Brumadinho - A Defesa Civil de Minas Gerais informou, semana passada, que mais um corpo foi localizado em Brumadinho, subindo para 225 o número de mortes confirmadas na tragédia de 25 de janeiro deste ano, quando o rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Vale devastou várias áreas do município mineiro. Ainda estão desaparecidas 68 pessoas.