Gota D'água

Embasa fala em erros contábeis, rejeita antecipar parte do PPR e acelera caminho para privatização

02/06/2020

Embasa fala em erros contábeis, rejeita antecipar parte do PPR e acelera caminho para privatização

Depois de várias cobranças, finalmente a direção da Embasa respondeu o Sindicato sobre a proposta de pagar em duas parcelas o Programa de Participação nos Resultados – PPR 2019, negando sua aceitação sob a desculpa de que ainda não publicou as suas demonstrações financeiras do ano passado e a necessidade de ter cautela com recursos diante da pandemia do coronavírus.

Mas, admitiu que está fazendo correções no balanço que a capacite, neste ano ou no próximo, fazer abertura de capital ou investir em novas parcerias público-privadas, levando a empresa a ingressar numa fase aguda de privatização.

Seja como for, ao responder e negar a proposta do Sindicato, a empresa também admitiu que está utilizando a Medida Provisória 931, de Bolsonaro, que permite postergar até o final de julho a publicação do balanço. Informou, também, que auditores independentes detectaram “divergências nas contas” das demonstrações financeiras e que, por isso, o fechamento do balanço de 2019 ainda está sendo processado, fato que teria comunicado aos acionistas em 25 de abril último.

Ainda nesse aspecto, a empresa salienta que esse fato prejudica a imagem e a contratação de recursos, e informa que sua expectativa é corrigir essa “divergência” até a segunda quinzena deste mês. O conjunto de desculpas não condiz com a realidade: balanços de anos anteriores da Embasa sofreram ressalvas e nem por isso a imagem da empresa sofreu desgaste nem impediu que ela contratasse recursos. O que se destaca aí é que a inexistência de ressalvas em balanços nos últimos três anos é uma exigência da Comissão de Valores Mobiliários, para empresas candidatas a abrir seu capital ao mercado.

O acerto dos números no balanço, para evitar ressalvas de auditores, já foi denunciado pelo Sindicato como um caminho preparatório para deixar a empresa com boa imagem para o mercado da privatização. Aliás, ao fazer a manobra agora, além de expor outras intenções (como a de abrir o capital), a empresa também joga o seu descuido com as contas nas costas dos (das) trabalhadores (as). Esperamos que essa “divergência” nas contas, não seja justificativa para lesar os (as) trabalhadores (as), fazendo com que estes (as) assumam uma responsabilidade que não é deles (delas), pois é sabido que a Embasa teve bom desempenho no ano passado, fruto do esforço da categoria, que agora busca apenas a sua compensação pelos resultados. A partir dessa semana, o sindicato estará se reunindo, virtualmente, com os trabalhadores (as) para dialogar sobre as medidas a serem tomadas.

Vale ressaltar que a direção da Embasa, ao alegar que o coronavírus jogou o mundo em grave crise, esquece que o PPR que está sendo cobrado se refere ao ano passado, não tendo qualquer relação com a pandemia do Covid-19.

Após longo silêncio para responder à categoria sobre a proposta de pagamento, informa que só retomará a discussão desse assunto no segundo semestre, após a publicação do balanço, não informando quando isso acontecerá.

Correção: foi retirado do texto a parte que se diz: "pode indicar uma possível manipulação das contas" que a capacite, neste ano ou no próximo, fazer a abertura de capital.

O sindicato reconhece que o termo "manipulação" não foi bem empregado. Na verdade, a ideia era demonstrar que as modificações  contábeis, mediante proposta da auditoria externa, visa a não ter ressalvas no balanço, e assim não atrapalhar a abertura de capital da empresa. O Sindae não quis direcionar críticas ao setor de contabilidade, aliás, formado por profissionais da maior competência, responsáveis e éticos (cabendo esta retratação); mas à postura  da Embasa, tanto no que diz à abertura de capital quanto ao processo de terceirização de setores chaves, como o jurídico e a fiscalização.