Gota D'água

Em ato bizarro, Bolsonaro considera salão de beleza essencial, mas não saneamento básico

13/05/2020

Em ato bizarro, Bolsonaro considera salão de beleza essencial, mas não saneamento básico

Em decreto assinado no último dia 11, o presidente Jair Bolsonaro deixou claro não se importar que seu governo seja reconhecido como o mais bizarro e ridículo de todos os tempos: na contramão das medidas de isolamento social adotadas em todo o país, ele concedeu a academias de esportes, salões de beleza e barbearias o status de atividades essenciais, mas negou essa mesma condição para o saneamento básico, numa completa  confusão com a realidade dos fatos. 

O saneamento básico, que contempla o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, dentre outros serviços, é essencial para a vida e para a prevenção de doenças, como o coronavírus. Já existem estudos, inclusive, analisando a transmissão desse vírus pelo esgoto. Diante disso, uma pergunta deve ser feita: as pessoas podem ficar sem água e coleta de esgoto, desde que tenham cabelo cortado e unhas feitas?

Além disso, a medida estampa mais um ato de sabotagem de Bolsonaro ao isolamento social preconizado pelas autoridades médicas, aí incluindo o Ministério da Saúde do seu próprio governo, além da Organização Mundial de Saúde, como forma de conter o avanço da doença no país. O presidente tem renegado todas as orientações científicas que o caso requer. Ao mesmo tempo em que faz a sabotagem, o presidente joga a população contra governadores e prefeitos que aderiram ao isolamento social para evitar o pico do contágio e das mortes em seus estados e municípios. 

É o caso do governador da Bahia, Rui Costa, e do prefeito de Salvador, ACM Neto, além de inúmeros outros líderes políticos que já se posicionaram contra a quebra do isolamento social nesse momento através da liberação dessas atividades feitas por Bolsonaro. No último domingo, véspera da assinatura desse decreto, o presidente passeou de jet sky no lago Paranoá, em Brasília, no momento em que o Brasil ultrapassava os 11 mil mortos decorrentes do coronavírus. Um claro menosprezo e deboche às vítimas e seus familiares, além das milhares de pessoas contaminadas pelo vírus e que penam em buscam de atendimento médico por todo o país.