Gota D'água

Indefinição sobre pagamento da PPR causa desmotivação nos trabalhadores da Embasa

06/05/2020

Indefinição sobre pagamento da PPR causa desmotivação nos trabalhadores da Embasa

Em razão da postura da diretoria da empresa, de cortar direitos, de se calar diante das reivindicações e de não honrar compromissos, um misto de desmotivação e revolta vem tomando conta dos (das) empregados (as) e até do corpo gerencial da Embasa, numa época que exigiria justamente o contrário – ânimo e energia num setor essencial para enfrentar a grave pandemia do coronavírus. Agora, o mais novo ingrediente que ela coloca nesse cenário de decepção é o silêncio diante do pagamento do Programa de Participação nos Resultados de 2019 (PPR).

O Sindicato enviou ofício na semana passada solicitando reunião para discutir o PPR e o novo acordo coletivo de trabalho, mas não teve resposta. Já se percebe que essa postura evoluiu para a intransigência e o desrespeito, o que leva o Sindicato a estudar as medidas cabíveis e paralisações não estão descartadas, até porque temos informado nossa discordância sobre as medidas por ela adotadas, mas sempre nos mantendo à disposição para o diálogo. Foi, inclusive, sugerida uma reunião virtual para a última segunda (4), mas não obtivemos resposta.

Aproveitando-se da pandemia do coronavírus, até agora a empresa não publicou o balanço de 2019, conforme exige a lei, afastando a transparência das medidas que vem sendo tomadas. Mas, independentemente disso, é notório que a empresa dispõe de recursos para sobreviver a vários meses mesmo se tiver restrições na arrecadação, pois tem acumulado em caixa quase meio bilhão de reais. Além disso, a isenção no pagamento das tarifas sociais não provoca qualquer prejuízo, uma vez que essa perda de receita é compensada no pagamento da dívida da Embasa com o governo do estado, decorrente do Programa Bahia Azul e da não distribuição de dividendos para o Estado. Outras eventuais perdas serão cobradas no pós-pandemia.

Não é possível, portanto, que a direção da empresa se mantenha insensível à questão e fique a alegar falta de recursos para não honrar o compromisso de pagar o PPR de 2019, conforme acordo fechado no ano passado e para o qual os (as) trabalhadores (as) contribuíram para o cumprimento de metas. A cobrança é justa, portanto, e tem previsão para pagamento na primeira quinzena deste mês, conforme proposta feita pela própria empresa. Outras empresas já pagaram esse benefício, a exemplo da Coelba, Bahiagás, Cetrel e DAC.

O Sindicato exige uma mudança de postura na direção da empresa, pois os prejuízos já formam uma lista enorme. Trabalhadores (as) tiveram férias compulsoriamente antecipadas, ficaram sem o abono pecuniário, sofreram corte dos adicionais de periculosidade e insalubridade, pessoas do grupo de risco voltaram ao regime presencial e a empresa não vem recolhendo o FGTS, dispensada que foi neste momento. Em todos esses casos, a empresa está utilizando as medidas provisórias do desgoverno Bolsonaro, que se constituem num grave retrocesso, ao mesmo tempo que formam um verdadeiro arsenal de guerra contra a classe trabalhadora.

Isso mostra que desde o início da crise do coronavírus a categoria vem pagando um preço elevado, e mesmo assim, enfrentando todo o tipo de risco à saúde, trabalha heroicamente e se esforça ao máximo para garantir o abastecimento de água e esgotamento sanitário para a população, elementos fundamentais para a sociedade vencer a grave crise sanitária. Muitos gerentes reconhecem o esforço da equipe e não compactuam com a falta de zelo e a insensibilidade até aqui demonstrada pela diretoria da Embasa.

Muitos (as) trabalhadores (as) enfrentam neste momento uma situação difícil, que é a perda do emprego de vários familiares, sejam cônjuges, pais, mães ou irmãos, tornando-se dramática a drástica redução de renda de várias famílias. O valor do PPR 2019, para muitos (as), seria a alternativa para ajudar familiares em dificuldade nesse momento de crise.