Gota D'água

COLEGIADO DO SINDAE 2020: É preciso não apenas resistir, mas reagir aos ataques à classe trabalhadora.

10/02/2020

COLEGIADO DO SINDAE 2020: É preciso não apenas resistir, mas reagir aos ataques à classe trabalhadora.

Após três dias de bons debates que mobilizaram dirigentes e representantes sindicais de todo o estado, além de convidados de outras entidades e movimentos sociais que reforçaram a necessidade de luta e solidariedade de classe contra todo esse cenário de retrocessos que se instalou no país. 

Há, sem dúvidas, uma onda neoliberal em andamento que visa essencialmente fragilizar os sindicatos e vender tudo que puder do patrimônio, como quer a dupla Guedes/Bolsonaro que vão avançando na tentativa de privatizações em diversas áreas, a exemplo dos Correios, Bancos Públicos, Eletrobrás, Petrobrás e, no nosso caso, através da alteração do Marco Legal que regula o setor de saneamento básico, a privatização generalizada das empresas estaduais e municipais de saneamento. Infelizmente esse projeto tem encontrado respaldo em espectros políticos amplos, seja municipal ou estadual, como no caso do governador Rui Costa que tenta abrir o capital da Embasa.

No primeiro dia do Colegiado recebemos o advogado especialista na área trabalhista, Clériston Bulhões, que abordou os impactos das reformas trabalhistas e previdenciária na formação de uma classe trabalhadora marginalizada, cuja precarização trará enormes consequências futuras, a exemplo do que tem ocorrido em países como o Chile, onde recentemente houve uma revoltar popular que levaram milhões de pessoas às ruas por mais direitos que foram retirados ao longo dos anos por reformas neoliberais naquele país, modelo adotado pelo governo Bolsonaro.

A supervisora do DIEESE, a economista Ana Georgina, lembrou que a grande promessa das reformas trabalhistas, desde o governo Temer, e reforçada pelo governo Bolsonaro, era que com os cortes de direitos o país teria um aumento substancial do emprego, o que demonstrou ser um fiasco e uma grande mentira. Georgina destacou, ainda, dados estatísticos do IBGE sobre o mercado de trabalho que indicaram, além do alto índice de desemprego, um forte crescimento da informalidade e de pessoas desoladas que desistiram de buscar por emprego.

O colegiado também contou com a presença da coordenadora do coletivo estadual dos trabalhadores (a) com deficiência, Anaildes Sena, que falou sobre a ameaça à lei de cotas (8213/91) e da importância dos trabalhadores abraçarem o movimento por mais acessibilidade e respeito às pessoas com deficiência.

No segundo dia foi exibido o documentário “O Verde está do Outro Lado” do Diretor Daniel A. Rubio, que aborda a problemática da privatização da água fazendo um paralelo entre o modelo de gestão privatizada do Chile com a revolta da água ocorrida no município de Correntina, no extremo oeste da Bahia. Contamos também com excelentes debates sobre: esgotamento dos mananciais e o problema da escassez, direito à água, saneamento rural, proteção ao meio ambiente e a importância dos comitês de bacias hidrográficas. Palestrou nesse dia o companheiro Juliano Ribeiro funcionário da Embasa, Moisés Borges do MAB, João Lopes funcionário da CERB, Renato Cunha do GAMBA, Marcos Sitael do Instituto Korango, Luiz Denis da SEPLAN e Ivan Aquino do Sindae.

No último dia recebemos a presença do deputado federal Afonso Florence e do ex-presidente da Embasa e atual representante dos trabalhadores no conselho de administração da empresa, Abelardo Oliveira, onde ambos discutiram sobre o enfrentamento no congresso nacional contra a alteração do margo legal que regula o setor de saneamento básico no país, com vista, exclusivamente à imposição e facilitação da privatização das empresas estaduais e municipais. Foram discutidos também os impactos negativos da abertura de capital da Embasa, onde a empresa passaria a ter um viés exclusivamente rentista, com toda certeza, contrário à universalização do saneamento no estado, principalmente nos mais de 300 municípios operados pela Embasa, que segundo informações da própria Embasa, não dariam lucro. O Sindae tem posição contrária à abertura de capital, porque acredita que os recursos oriundos de uma eventual venda das ações da Embasa não resultarão em investidos em áreas e regiões que mais carecem de recursos como as periferias das médias e grandes cidades do estado, pequenos município e zona rurais, sem contar que mais de 70% dos municípios baiano encontram-se nas regiões do semiárido. A busca pelo “rentismo” fará com que a maioria (dos municípios) seja desprezada pela empresa e pelo Estado.