Gota D'água

Posse da nova gestão: Novos dirigentes assumem direção do Sindae em meio a cenário desafiador

03/11/2019

Posse da nova gestão: Novos dirigentes assumem direção do Sindae em meio a cenário desafiador
FOTO: MANOEL PORTO

A rebeldia popular no Chile, com paralisações em massa acuando o presidente de direita, e a reviravolta política na Argentina, com a derrota do governo neoliberal nas eleições poucos dias atrás, apontam que é possível lutar por transformações no Brasil, impedir o entreguismo governamental que assola o país e preservar o nosso patrimônio natural, incluindo a água, ameaçada de privatização.

Essa foi a tônica da maioria dos discursos feitos na posse da nova direção do Sindae, gestão 2019 a 2022, em solenidade ocorrida no último dia 25, em nosso auditório. Diante de um cenário desafiador, com um governo truculento, praticando política de terra arrasada, cortando conquistas sociais e trabalhistas, essa rebeldia instalada na América Latina injetou ânimo a quem inicia uma nova etapa de luta.

“Vivemos tempos difíceis, mas nada de esmorecer e o exemplo está aí na juventude”, apontou a catarinense Daniele de Paula, dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE), após relembrar que a classe estudantil e professores fizeram 37 dias de greve contra cortes de verbas na educação. O presidente da CUT Bahia, Cedro Silva, também conclamou à luta e, numa referência ao Chile e Argentina, falou que “ninguém vai segurar o povo brasileiro quando estourar a bolha de revolta contra o fascismo”.

O deputado estadual Hilton Coelho (Psol) recomendou “sair da resistência e ir pra cima impedir a entrega das estatais, como a Petrobras, Eletrobras, Correios, Casa da Moeda e outras. Esse é um momento histórico”. Numa referência ao governo baiano, que ameaça com novas parcerias privadas no saneamento e abertura de capital da Embasa, disse que “o privatismo está engolindo as almas desse país”.

Ex-presidente da Embasa e atual representante da categoria no seu Conselho de Administração, Abelardo de Oliveira Filho alertou o governo para o risco de contratar PPP sem um estudo prévio sobre a melhor alternativa de gestão. “Pode incorrer em improbidade administrativa”, afirmou. Ao lado de Luís Primo, Dilson Araújo e Adilson Bonfim (Bigode), Abelardo formou o time de ex-coordenadores do Sindae presentes na posse. Ele acha que é possível derrotar o Governo Bolsonaro e impedir a privatização das companhias de saneamento, citando que “já derrotamos duas medidas provisórias e vamos continuar na resistência”.

Ao relembrar a luta do Sindae contra a privatização da água na Bahia, a deputada estadual Maria Del Carmen (PT) pregou a união geral, pois agora a ameaça maior é nacional (o PL 3261). Ex-diretor e um dos fundadores do Sindicato, Gilmar Santiago saudou o ex-coordenador Danillo Assunção e o novo, Grigório Rocha, dizendo que eles representam a nova geração do Sindae, um trabalho vitorioso de renovação dos quadros dirigentes. Para o deputado Marcelino Galo (PT), “é na renovação de lideranças que o Sindae mostra um formato inovador e necessário”.

Antes de transmitir o cargo para o seu sucessor, o ex-coordenador e novo secretário geral, Danillo Assunção, afirmou que aprendeu muito em seis anos de atuação na entidade e agradeceu a todos e todas que ajudaram nesse período, dos ex-diretores mais antigos aos funcionários (as).

Eleito coordenador, Grigório Rocha também fez homenagem aos ex-diretores mais antigos, responsáveis pelo trabalho de formação, conforme ressaltou, e lamentou a perda de valorosos companheiros nessa jornada mais recente, como Crispim, Walter (ambos da Embasa) e Batista (Saae de Catu), além dos que, por motivos diversos, deixaram a diretoria na mudança de gestão, como Francisco Ivan, Arlindo Falck, Reinaldo Santana, Jorge Vilemar, Monira Silva, Oscar Vieira, Gilmar Ferreira, Alexandro Matos, Astério Filho, Clévio Rocha, Gilberto de Souza, Helder Rosa e João Salustiano.

Defendeu a união de todos e todas para uma luta coletiva, que preserve a água e o saneamento como bem comum, e reafirmou o compromisso por uma sociedade mais justa e solidária.

Também estiveram na posse da nova gestão o presidente da Confederação Nacional dos Urbanitários, Paulo de Tarso, o diretor do Movimento dos Atingidos por Barragens e da Plataforma Camponesa e Operária para a Energia, Moisés Borges, a professora Edenice Santana, da Conen, Jandira (Dandara) e várias outras representações. A companheira Maria Madalena, a Leninha, do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Valente, enviou carta saudando a nova direção e que foi lida pelo coordenador do Sindpec Bahia, Lourival Lopes.

A posse teve shows das bandas Os Factíveis, composta por trabalhadores do setor Comercial da Embasa (Bolandeira), e a Primu’s e Intrusos, que tem como um dos integrantes o companheiro Lúcio Landim.